Líderes europeus se reúnem em Londres neste domingo para tratar da guerra na Ucrânia
Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 02/03/2025
Cerca de quinze líderes europeus devem se reunir em uma cúpula em Londres, neste domingo (2), com a participação do presidente ucraniano, Volodymir Zelensky. O objetivo do encontro é “avançar” uma posição em relação à Ucrânia e à segurança do bloco. O presidente ucraniano foi recebido em Downing Street, neste sábado (1º) pelo primeiro-ministro britânico Keir Starmer.
“Você é muito bem-vindo a Downing Street”, disse o primeiro-ministro britânico ao receber Volodymyr Zelensky, no fim da tarde de sábado, um dia após a acalorada discussão do presidente ucraniano com o seu homólogo americano, Donald Trump, na Casa Branca.
No início de encontro em Londres, Keir Starmer enfatizou novamente a “determinação absoluta” em apoiar Kiev em sua guerra contra a Rússia. O Reino Unido e a Ucrânia assinaram um acordo para um empréstimo de £ 2,26 bilhões (€ 2,74 bilhões) para reforçar as capacidades de defesa de Kiev, o que Londres saudou como um sinal de “apoio inabalável ao povo ucraniano”.
A chanceler britânica do Tesouro, Rachel Reeves, e seu colega ucraniano, Sergii Marchenko, assinaram o empréstimo, que será pago com os lucros dos ativos russos congelados.
No domingo, Zelensky se encontrará com o Rei Carlos III e outros líderes europeus, informou o seu porta-voz, Serguiï Nykyforov.
Mais cedo, Zelensky escreveu no X que o apoio do presidente americano continuava sendo “crucial” para o seu país e que “a ajuda dos Estados Unidos tem sido vital”. Ele também garantiu que Kiev estava pronta “para assinar o acordo sobre minerais, que constituirá o primeiro passo em direção às garantias de segurança”.
Macron conversa com Zelensky e Trump
Na preparação para a cúpula de Londres que será realizada neste domingo, a fim de discutir as condições para uma paz sustentável na Ucrânia, o presidente francês, Emmanuel Macron conversou no sábado com o presidente dos EUA, Donald Trump, com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
Macron espera que os países da União Europeia avancem rapidamente em direção a um “financiamento maciço e comum”, representando “centenas de bilhões de euros” para construir uma defesa comum, disse em entrevista a jornais dominicais franceses.
Na quinta-feira (6), os 27 Estados-membros devem se reunir em Bruxelas para uma cúpula. “Devemos mobilizar financiamento comum com centenas de bilhões de euros” e isso de forma “rápida”, declarou Macron em entrevista concedida ao Le Parisien, Tribune Dimanche, JDD e Ouest-France.
O presidente francês ainda pediu ao presidente dos EUA, Donald Trump, e ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, “calma, respeito e reconhecimento”, pois “o que está em jogo é muito importante”.
Europeus apoiam Kiev
A maioria dos líderes europeus apoiou a Ucrânia após a discussão tensa na Casa Branca, na sexta-feira, quando Donald Trump disse que Zelensky deveria ser grato e reconhecer os esforços americanos até aqui. O republicano ainda exigiu que a Ucrânia aceitasse um acordo “ou nós os abandonaremos”, ameaçou.
Moscou comemorou um momento “histórico”. O Kremlin falou em fracasso da diplomacia ucraniana, dando a entender que Zelensky não quer a paz.
A chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, acredita que “o mundo livre precisa de um novo líder”.
Para Berlim, os ataques verbais entre Trump e Zelensky marcam ‘uma nova era de infâmia”.
A chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, considerou urgente que a Alemanha e a União Europeia relaxem suas regras orçamentárias para liberar recursos adicionais para fortalecer sua defesa e ajudar a Ucrânia. Em um discurso na televisão neste sábado, ela pediu “mais flexibilidade no Pacto de Estabilidade e Crescimento da UE” e uma “reforma fundamental do freio da dívida”, consagrado na constituição, para “garantir que a Ucrânia possa resistir à agressão russa”.
Dissuasão nuclear europeia
Diante da aproximação entre os Estados Unidos e a Rússia, o presidente francês, Emmanuel Macron, relançou o debate sobre a ideia da dissuasão nuclear europeia, um assunto sensível e que divide a classe política no país.
Macron, que lidera uma das duas potências nucleares da Europa, juntamente com o Reino Unido, disse estar pronto para “abrir a discussão” sobre uma dissuasão nuclear europeia, após o confronto verbal entre Volodymyr Zelensky e Donald Trump em Washington, que levantou temores de um afastamento dos Estados Unidos da Ucrânia e uma ruptura histórica de sua aliança com os europeus.
Macron respondia ao futuro chanceler alemão Friedrich Merz, que considerou necessário que a Europa se preparasse para “o pior cenário” de uma Otan sem a garantia de segurança americana.
Também neste sábado, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, aconselhou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a restabelecer as relações com Donald Trump. Rutte classificou o encontro entre os dois presidentes de “infeliz”. “Acho que o presidente Zelensky deve encontrar um jeito de restaurar as relações com Donald Trump e a administração americana. É importante seguir em frente”, disse o holandês, em uma entrevista à BBC.
Fonte: AFP