Tarcísio rebaixa chefes da PM, revolta oficiais e abre crise com a corporação

Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 22/02/2024

A decisão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) de mudar quase toda a cúpula da Polícia Militar de São Paulo causou insatisfação e revolta nos oficiais, abrindo uma crise na instituição. A principal mudança foi a troca, nesta quarta-feira, 21, do número 2 da corporação, o coronel José Alexander de Albuquerque Freixo, rebaixado como outros coronéis que ocupavam os principais cargos da instituição. Eles foram substituídos por coronéis mais “modernos” – com menos tempo de serviço e promovidos mais recentemente.

O governo de São Paulo afirmou, em nota, que reconhece o trabalho dos policiais e que várias promoções por mérito já foram feitas anteriormente.

As trocas foram interpretadas pelo grupo descontente como uma tentativa de interferência política do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL-SP), na corporação. Os coronéis que ascenderam seriam ligados ao secretário, que foi capitão da PM e membro da Rota. A estratégia de Tarcísio e de Derrite seria, para eles, uma forma de forçar a passagem para a reserva dos coronéis das turmas de oficiais formadas na Academia da PM em 1993 e em 1994, às quais pertencem o coronel Freixo e o comandante-geral da PM, Cássio Araújo de Freitas.

Um integrante do governo negou essa avaliação e afirmou ao Estadão que as trocas foram definidas pelo próprio governador e não pelo secretário. Segundo ele, Tarcísio apenas antecipou um movimento que fará ao longo deste ano para dar fluxo à mobilidade de carreira na Polícia Militar. O governador vai enviar um projeto de lei à Assembleia Legislativa no qual proporá igualar as regras de promoção da PM às do Exército.

Quando um general é promovido ao cargo de comandante do Exército, os generais das turmas mais antigas que a dele vão automaticamente para a reserva. O mesmo não ocorre na PM, o que acaba travando as promoções nos níveis inferiores e, na visão do governo, desmotivando os oficiais. Mas, ao mudar os coronéis, Tarcísio não mexeu no comandante-geral, que permanece sendo Freitas.

O novo subcomandante da corporação será José Augusto Coutinho, homem de confiança de Derrite. Ele substituirá o coronel Freixo, que estava no cargo desde o início da atual gestão, em 2023. Freixo foi mandado para a Escola de Sargentos da PM. Já o comandante do Policiamento da Capital, coronel Reges Meira Peres, um dos cargos mais importantes da corporação, foi enviado para o Comando de Policiamento de Área-12, em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.

Além disso, o comandante do Policiamento Metropolitano, Victor Alessandro Ferreira Fridizzi, deixou o comando de todos os batalhões dos municípios da Grande São Paulo (exceto capital) para ocupar uma escrivaninha no Departamento de Ensino e Cultura (DEC).

Ao todo, 34 coronéis foram transferidos de funções ontem. Metade dos atos representa a ascensão dos coronéis formados em turmas mais recentes da academia ou promovidos mais recentemente. A outra metade, ligada ao atual comandante da PM, Cássio de Freitas, foi rebaixada.

Fonte: Estadão Conteúdo


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