Editorial: Hora do Silêncio (03/06/2021)

Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 03/06/2022

A Festa Junina Beneficente de Votorantim trouxe nesta semana uma iniciativa inédita e que fez muito sucesso entre os frequentadores do espaço.

O ambiente da Festa Junina ficou diferente na quarta-feira, com menos ruídos e sem som por duas horas, entre as seis da tarde e oito da noite.

O objetivo da ação era o de atender, de forma gratuita, pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A Hora do Silêncio foi uma iniciativa inédita da organização do evento e partiu de uma ideia de Vanessa Costa, diretora do Morenos Park, que também é a atual presidente da Associação Brasileira de Parques e Atrações (Adibra).

Cinco equipamentos foram desligados para diminuir o barulho no espaço e um ficou sem som, inclusive sem música ambiente.

A ação foi um sucesso e mais de mil pessoas participaram do ato e muitas mães ficaram felizes e maravilhadas por, pela primeira vez, em muitos casos, ver os filhos ou filhas brincarem nos equipamentos do parque de maneira feliz e tranquila.

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista ficam irritadas com barulho e ruídos muito altos e, quando vão a um lugar em que essas características prevalecem, o ambiente passa a se tornar tóxico para elas e pedem para ir embora.

Devido ao resultado positivo da primeira edição da Hora do Silêncio, na próxima quarta-feira, a iniciativa irá se repetir, no mesmo horário, e vai ser aberta a todos os públicos, inclusive para pessoas com outras deficiências.

A sociabilização é um dos preceitos trabalhados junto a pessoas autistas, bem como a outras deficiências, e a iniciativa da Festa Junina de Votorantim mostrou o alcance social do evento, que pensou em uma ação premente para a inclusão social dessas pessoas.

O jornalismo da Cruzeiro FM repercutiu a Hora do Silêncio, e o repórter Caio Rossini produziu reportagens especiais com mães de autistas e representantes de entidades assistenciais que cuidam de pessoas com autismo, bem como entrevistou especialista para falar dessa importante iniciativa.

A psicopedagoga Francine Menna, por exemplo, afirmou que essa ação contribuiu muito para o desenvolvimento de pessoas autistas.

Em especial, ela falou que a Hora do Silêncio foi uma ideia que ajudou muito as crianças com autismo a se sentirem inseridas no mundo, principalmente pela oportunidade de poderem trocar experiências e sociabilizarem-se com outras pessoas.

Conforme a especialista, essas crianças tiveram experimentações essenciais para o desenvolvimento intelectual delas.

Portanto, por meio do brincar, elas aprenderam novas sensações que farão a diferença no futuro.

A sociabilização, segundo ela, é o principal mecanismo para a construção do conhecimento dessas pessoas, por isso, entende, seria importante que outros eventos, como o da Festa Junina, pudessem ser feitos com esse mesmo foco.

Mães comemoraram a iniciativa e participaram em grande volume no Jornal da Cruzeiro de ontem, assim como muitas delas disseram que vão repetir a ação com os filhos, indo ao recinto da Festa Junina na próxima quarta-feira.

A presidente e fundadora da Apae de Votorantim, que também cuida de crianças com Transtorno do Espectro Autista, Clara Inês, enfatizou a importância dessa iniciativa lançada pela organização da festa.

Segundo ela, as crianças autistas são maravilhosas e muito inteligentes, mas que se irritam com muito barulho e ruídos, de modo que a ação ajudou e muito na tranquilidade delas para poderem brincar no parque.

Presidente da Amde, Associação Amigo dos Deficientes de Sorocaba, que é mantenedora do Centro de Excelência em Autismo, José Osvaldo Gonçalves reforçou a importância de organizadores de outros eventos copiarem essa iniciativa, pois, ao ratificar o desconforto de ruídos para essas pessoas, afirmou que excesso de barulho nesses eventos é agressivo aos autistas, mas que iniciativas como a Hora do Silêncio indicam a nobreza de pessoas que organizam eventos de grande público, como a Festa Junina.

Assim, diante dessa percepção de especialistas e de pessoas familiarizadas com o assunto, é de bom tom que as administrações públicas comecem a repensar a realização de eventos nas cidades e que, junto aos organizadores dessas festas, possam promover o bem-estar e a oportunidade de sociabilizar pessoas com deficiência e, a partir daí, melhorar as iniciativas para uma inclusão social cada vez mais eficiente e humana para a sociedade.

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