Editorial: Um tratamento polêmico (04/06/2021)

Publicado por departamento de Jornalismo Cruzeiro FM 92,3 em 04/06/2021

O Conselho Federal de Medicina, o CFM, reagiu nesta semana veementemente contra o tratamento de senadores da República dado a duas médicas que foram convidadas a esclarecer alguns pontos com relação ao uso de medicamentos para tratamento precoce de paciente com Covid-19.

Em um vídeo divulgado pela instituição que representa os médicos, o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, repudiou a postura de senadores, qualificando a CPI da Pandemia como tóxica e vergonhosa.

Ele faz críticas também a três senadores que são médicos e que, no entendimento da instituição, teriam sido desrespeitosos e antiprofissionais com as médicas convidadas a prestarem depoimento.

O vídeo do CFM tem seis minutos e 15 segundos, mas cerca de dois minutos do vídeo é que ganharam cartaz nas mídias sociais e que foram repercutidos pelos veículos de comunicação de maneira intensa.

Aqui, na Cruzeiro FM, você ouviu o desabafo e as críticas do presidente do CFM que, em determinado momento, diz que os senadores que compõem a CPI da Pandemia intencionaram chamar o CFM para falar a respeito do tratamento precoce e do uso de medicamentos para serem ministrados em pacientes da doença.

Mauro Ribeiro afirma que a instituição, que representa os médicos, está ansiosa por se sentar à mesa dos senadores daquela comissão parlamentar de inquérito para declarar o que pensa, quais as dúvidas dos médicos com relação a uma doença, que, segundo o presidente do CFM, ainda é desconhecida.

No vídeo, Mauro Ribeiro critica a CPI e informa que encaminhou ao presidente do Senado, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que não faz parte da comissão, um ofício no qual pediria alguma intervenção para impedir o “ambiente tóxico” da comissão, destacando que quer depor na CPI o mais rápido possível.

O presidente do CFM defende as duas médicas ouvidas na CPI nesta semana.

A médica oncologista Nise Yamaguchi, citada no depoimento do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, como uma defensora do uso da cloroquina, causou polêmica por conta de suas declarações durante a CPI e que foram colocadas em xeque por outras instituições médicas, como a Sociedade Brasileira de Reumatologia.

Esta instituição desmentiu a médica quando ela disse que a vacina é contraindicada a pacientes com doenças autoimunes reumatológicas.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, não há contraindicação alguma a esses pacientes de tomarem qualquer vacina.

A outra médica defendida pelo CFM é a imunologista Luana Araújo, secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, que é crítica do chamado tratamento precoce com medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus, como é o caso da cloroquina, por exemplo.

As duas foram ouvidas na CPI da Pandemia e tiveram seus depoimentos repercutidos posteriormente à sociedade.

O tratamento precoce e o uso de medicamentos, como a cloroquina, em pacientes com Covid têm gerado desde meados do ano passado muitas discordâncias entre governantes, médicos e instituições que representam profissionais da área da saúde quanto à falta de pesquisas científicas que comprovem a eficácia de tais medicamentos no tratamento de Covid.

Esses debates continuam sendo a sombra sobre o tratamento da Covid com medicamentos específicos, pois há casos que dão certo e outros que não.

Então, mais uma vez fica a questão: o tipo de tratamento escolhido para o combate à Covid deveria ser decidido exclusivamente pelo médico e paciente?

Médicos imunologistas ouvidos pela Cruzeiro FM ao longo dos últimos meses declaram exatamente isso: que o tratamento deve ser decidido entre médico e paciente, empregando-se medicamentos autorizados ao uso pela Anvisa.

Como se vê, o tema, por si só, é polêmico e torna-se mais ainda agora frente à CPI da Pandemia.

Portanto, é plausível que o CFM seja ouvido nessa comissão parlamentar de inquérito para que, entre outras coisas, possa reafirmar que o melhor tratamento a qualquer doença, inclusive a Covid, deve sim ser decidido entre médico e paciente, com base em protocolos médicos e naqueles estabelecidos pela Anvisa, entre outros órgãos de Saúde.

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